Tuesday, February 25, 2014

[há dias assim] acerca dos amigos

[post demasiado longo e pessoal]

Quando um casal se separa, acontece muito mais do que a separação dessas duas pessoas. Primeiro temos a questão dos filhos, claro. Depois, temos a questão dos bens comuns. Deixando de lado as coisas legais, existe muito mais que isso... Por norma, os casais partilham amigos, sítios onde gostam de ir jantar ou beber café, fotografias de viagens que fizeram juntos... E tudo isto é tão mais complicado. As fotografias apagam-se das redes sociais porque já não fazem sentido, os sítios mudam-se para não se cruzarem, e os amigos?

Sei que uma (ex) amiga não está muito bem. Gostava de falar com ela, de lhe dar um ombro como muitas vezes ela fez antes de me separar. Mas quando eu e o M. nos separámos, além de me partir o coração, de me tirar o meu filho semana sim, semana não, de me fazer deixar de acreditar no amor e no "para sempre" (obrigada R. grande por me fazeres acreditar outra vez), levou-me também os amigos.
Suponho que eles achem que a culpa foi minha e que eu me afastei. A questão é que eu não tenho que partilhar o mesmo espaço com "a outra" (desculpa M., mas é assim que a irei tratar para todo o sempre). Disseram-me que eu tinha que aprender a socializar com ela! Alto lá! Não tenho que socializar com ela porra nenhuma!  Eventualmente, o meu filho irá pedir-me que tal aconteça e logo verei o que lhe respondo. Dou-me bem com o M. porque tenho que dar. É o pai do meu filho e irá fazer parte da minha vida até ao fim dos meus dias. Até tomo conta do filho dela, porque a criança não tem culpa nenhuma! Mas dela, a única coisa que tenho que saber é se trata bem o meu filho ou não, e isso eu sei que sim! É a única coisa que me interessa dela. Não sei como se veste, o que calça, se cozinha, onde trabalha, não sei nada e na verdade, não me interessa. Só sei que quando leva o meu filho à escola lhe dá um beijo, e isso é um bom sinal!

Voltando aos amigos, esta questão magoou-me e talvez tenha sido o primeiro sinal de afastamento. Depois comecei a ver fotos de jantaradas que sempre fizemos em que o M. e a "outra" apareciam. Eu não tinha recebido qualquer convite! Não sabem quantas vezes chorei ao olhar para essas fotos. Eu tinha ciúmes dela. Por estar com o meu filho tanto tempo quanto eu, e por estar com os meus amigos mais vezes que eu. A gota de água foi o casamento de uma (ex) amiga. Provavelmente, nunca mais irei falar ou ver esta pessoa. Magoou-me mesmo muito. Tinha falado com ela 1 ou 2 semanas antes e ela não me tinha dito sequer que ia casar. Soube (perto) na véspera do dito casamento. O M. ia, e levava o meu filho. Tinha até pedido para trocar o fim de semana porque tinha um casamento. Falei com ela e ela disse-me que tinha que escolher um ou outro para ir ao casamento, e tinha sido ele mas para eu não levar a mal. A sério?! Para eu não levar a mal?!

No outro dia estava a ver o "Crazy Stupid Love", e aquela cena em que o suposto amigo do Steve Carell lhe diz que a mulher lhe disse que tinha que escolher um lado - o do Steve Carell ou o da mulher, e tinham escolhido o da mulher, fez-me reviver esse momento da minha vida. A verdade é que isto acontece na vida real! Os amigos escolhem lados. Se calhar até inconscientemente, mas vá lá, acham mesmo que é necessário? Não podem sair um dia com um e outro dia com outro? Ou mesmo convidar os dois e deixa-los decidir se querem ou não estar no mesmo sitio que o outro? Quando um casal se separa, vamos esperar que saibam tomar decisões conscientes e racionais, que saibam comportar-se em situações mais complicadas, e que saibam que eles é que se decidiram separar e que os amigos nada têm a ver com isso.

Tenho para mim que os meus (ex) amigos escolheram o M. e eu até percebo. Ele é muito mais sociável que eu (ou então não, mas isso fica para outro post), e ele está sempre pronto para uma boa borga, o que não é definitivamente o meu caso. Também não tenho tanto dinheiro como ele disponível para "borgar" e não sou de grandes saídas à noite. Como já disse, acho que eles pensam que a culpa é minha e que eles fizeram tudo bem. Admito, no entanto, que recusei alguns convites (muito poucos, tipo 1 ou 2) e não convidei ninguém para vir ter comigo nessa altura. Mas bolas, era eu que estava na merda! E quando estamos na merda, gostamos de chafurdar sozinhos e não convidamos ninguém para chafurdar connosco. Se fizeram um convite e eu não fui, então deviam ter vindo ter comigo e arrancar-me da merda, dar-me banho e vestir-me um vestido e levar-me a comer muffins de chocolate! É isso que os amigos fazem! E por isso, é que eu achei que vocês eram amigos do M. e não meus. Nunca nenhum de vocês me arrancou de casa!




Durante este tempo, desde Abril de 2011 para cá perdi muita coisa. Não me despedi de pessoas que foram para fora. Não conheci crianças que nasceram. Não visitei as casas novas que compraram/alugaram. Não passeei nos carros novos. Não lhes dei os parabéns. Não lhes agradeci por me darem os parabéns. Desde Abril de 2011 que passou muito tempo, mas ainda me sinto triste por não os ter por perto. Desde Abril de 2011 cresci muito. Tornei-me mais racional e menos emotiva (em público).

Serei perfeitamente capaz de voltar a falar com (quase todas) as pessoas que eram os nossos amigos. Sou capaz de falar com o M. Até o perdoei (de quase tudo). Serei capaz de perdoar que não tenham tentado tirar-me do buraco onde estava. Até porque gostava muito de poder abraçar a minha (ex) amiga que precisa de mim.


Aquele beijo,
*muah*
Ana

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